Há uma linha de desenvolvimento de consciência nos alinhamentos
planetários. Da conjunção à quadratura, da quadratura à oposição, passando por
todos os outros aspectos fluentes como sextil e trígono. A astrologia permite
uma análise mais precisa e clara desse andamento, dessa evolução. Uma espécie
de percepção consciente de um processo de desenvolvimento. Através dos diversos
símbolos astrológicos vamos vendo uma manifestação arquetípica e cósmica
acontecendo nos indivíduos e ao mesmo tempo na sociedade, na coletividade.
Os planetas exteriores são mais lentos no seu deslocamento e
portanto marcam gerações de indivíduos. São chamados também de transpessoais ou
transsaturninos.
Existem vários encontros entre planetas acontecendo ao mesmo tempo
e um desses encontros mais intensos e renovadores é o de Plutão/Urano.
Estiveram em conjunção no sec.XVIII – 1710; sec. XIX – 1850; sec.XX
– 1960; Nestes períodos se iniciaram muitas questões revolucionárias e
renovadoras. Quando os planetas entram em quadratura essas questões se
intensificam ao máximo causando uma desacomodação, justamente o que está
acontecendo para nós atualmente, fazendo acontecer experiências muitas vezes
drásticas. É sempre um período de agitação, descontrole, ação espontânea,
enfrentamentos, quebras, rupturas. Tudo isso gera uma ansiedade, uma angústia,
uma urgência, uma agressividade na psique. Os assuntos originados na última
conjunção passam a ser o foco do momento. Para nós significa os atos
revolucionários da década de 60/70.
A seguir passo uma síntese do autor Richard Tarnas em seu livro
Cosmos e Psique.
Plutão conj Urano – anos 60
Planetas
exteriores em astrologia são planetas relacionados à energias transpessoais,
além do domínio do ego pessoal, caracterizam gerações porque ficam muitos anos
em um signo. Quando esses planetas se encontram no céu, fazem um alinhamento,
as características dos seus princípios se unem, se fundem e se influenciam
mutuamente. Nos anos 60 do séc. XX, especificamente entre 60 e 72 ocorreu um
alinhamento desses, uma conjunção, entre Plutão e Urano.
Urano-tem
a ver com a energia prometeica, emancipador, rebelde, progressista, inovador,
incitante, desestabilizador, catalisador de novas idéias, novos começos e
mudanças bruscas e inesperadas;
Plutão-associa-se
a um princípio dionisíaco, elementar, instintivo, extremo na intensidade,
surgindo das profundezas, libidinal e destrutivo, transformador, sempre em
evolução, transmite potência através de uma força titânica muito ligada ao
coletivo em escala massiva;
A década de 60 do século XX foi uma época
extraordinária, intensa, prometeica e germinal. Toda a década parece ter sido
animada por um espírito (Zeitgeist) particularmente vivo e persuasivo-algo no
ar. Uma força Elemental que destacou-se e instalou-se em nossa memória recente.
A conjunção Plu/Ura trouxe fenômenos tais como:
-transformação social e política radical
-uma insurreição destrutiva
-uma potencialização massiva de impulsos
revolucionários e rebeldes
-uma intensificação da criatividade artística e
intelectual
-um avanço tecnológico de inusitada rapidez
-um incansável espírito de experimentação
-um impulso de inovação
-necessidade de liberdade em muitos campos
-revolta contra a opressão, adesão a filosofias
políticas radicais e uma vontade coletiva de dar
nascimento a um mundo novo;
Este período onde Urano/Plutão estiveram em
conjunção trouxe:
desenvolvimentos científicos notáveis; o
pensamento ecológico; época de súbita irrupção e potencialização de
contraculturas e culturas juvenis; uma emergência de distritos, comunidades e
mundos bohemios e contraculturais historicamente significativos;
O princípio prometeico/urano traz a liberação e
o despertar súbito daquilo que toca com conseqüências inesperadas e inovadoras,
perturbadoras e emancipadoras;
O princípio plutônico/dionisíaco atua por
compulsão, potencialização e
intensificação daquilo que toca, com conseqüências profundamente
transformadoras.
Nesse sentido podemos entender a década de 60/70
com as súbitas e extraordinárias explosões de liberação(urano) do
erótico(plutão), a revolução sexual em todas as suas formas, o radical
afrouxamento das restrições sexuais nos costumes sociais, a reinvidicação do
corpo, a celebração da experiência sensorial, o esforço pessoal pela liberação
erótica, o amor livre dos hippies, os incontestáveis festivais dionisíacos de
música e dança, a desinibição sexual, a florescente imprensa alternativa, a
revolução feminista, a nova disponibilidade de anticonceptivos, o começo da
liberação homosexual, a publicação de livros de auto-ajuda.
Nessa mesma época despertou uma ampla atenção às
idéias de William Reich, D. H. Lawrence e William Blake. Todo este período
esteve marcado também por uma sexualidade explícita no teatro, na literatura,
música, dança e cinema desde 1960 com La
Dulce Vita de Fellini à Satiricon (1969). E na música carregada de erotismo e
teatralidade dos Rolling Stones, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin,
Cream, The Who, Led Zeppelin, The Velvet Underground e muitos outros
intérpretes e grupos similares.
Recorda-se um espírito de apaixonada energia e
um selvagem abandono que dominava a época, a qualidade polimórfica orgástica da
década. Todas essas qualidades específicas sugerem com extraordinário vigor a
presença de um complexo princípio prometeico/dionisíaco.
Num cero sentido, os anos 60 desencadearam um
impulso que catalisou uma imensa rebelião de motivação erótica contra as
estruturas repressivas de autoridade estabelecida.